Hoje fiz um trilho até à Praia da Amora. Não foi tão difícil como esperava, mas é relativamente puxadinho.
Em todo o caso, qual não foi a minha surpresa ao chegar lá baixo e ao constatar que a primeira coisa que se vê, assim desmarcadíssima no sítio mais isolado do planeta (ou de Ponta Garça), é uma porta misteriosa que esconde a cadeado uma divisão improvisada e cavada na parede.
Claro que a minha indomada imaginação de contador de histórias começou logo a deambular e a saltitar de pergunta em pergunta. Quem, há 30, 40 ou 50 anos atrás, cavou na parede um quarto, ali, no meio do nada? E para arrumar o quê? Que raio esconde aquele cadeado?
Seria o abrigo de um bandido fugido à lei? Um local para rituais obscuros? Será que alguém escondia ali um monstro mutante? Ou seria actualmente um esconderijo para droga trazida pelo mar?
Até que alguém me disse... “Ah, deve ser um abrigo para barcos”.
E eu... “Ah... pois... deve ser...”
Fiquei desiludido... Tinha bem mais piada se aquela porta escondesse um traficante de droga fugido à lei e que, em noites de lua cheia, pratica rituais obscuros para se transformar num monstro mutante...
É triste como a realidade é sempre real demais, não é?
